terça-feira, 29 de janeiro de 2008

tolerancia = superioridade?!

A palavra tolerância, provém da palavra Tolerare que significa etimologicamente sofrer ou suportar pacientemente. O conceito tolerância radica numa aceitação assimétrica de poder:
a) Tolera-se aquilo que se apresenta como distinto da maneira de agir, pensar e sentir de quem tolera;
b) Quem tolera está, em princípio numa posição de superioridade em relação aquele que é tolerado. Neste sentido pode ou não tolerar.

A tolerância pressupõe sempre um padrão de referência, as margens de tolerância e aquilo que se assume como intolerável.

A tolerância pode surgir como a simples aceitação das diferenças entre aquele que tolera e o tolerado, ou como a disponibilidade do primeiro para integrar ou assimilar o segundo.

1 comentário:

Anónimo disse...

É uma questão interessante, que tb me deixou a pensar. Acho que a apartir do momento em que nos sentimos obrigados a aceitar ou mesmo ignorar uma opinião, situação ou pessoa pq entra em conflito connosco, talvez pressuponha uma certa atitude de superioridade ou arrogância em relação ao objecto que achamos que 'temos' que tolerar. Como se intrinsecamente partissemos do pressuposto que o outro está errado e nós acertados, e adoptassemos uma postura de condescendência porque para nós o outro não tem capacidade para nos compreender, ou achamos que não quer, ou pensamos que não justifica o confronto. Quando se trata de um comportamento natural, ainda que difícil e exigente, face a algo que difere dos nossos valores e pensamento mas a que não nos atribuimos o direito de julgar, mas aceitamos, incondicionalmente, porque somos diferentes e temos o direito a sê-lo, penso que neste caso a tolerância existe porque existe também respeito pelo outro.

no dia-a-dia acho que adoptamos muitas vezes a primeira postura, porque cada um tem a sua fórmula de viver e conviver que acha ser a mais acertada. E quando temos liberdade para escolher o que tolerar, penso que é um direito que nos assiste, na medida em que também é um comportamento de protecção, defesa, contra certas diferenças que sentimos que nos podem agredir. Num contexto em que nós não escolhemos nem podemos escolher com quem convivemos e nem tão pouco podemos decidir sobre a liberdade do outro em fazer seja o que for da sua vida, acho que não nos resta senão respeitar pacificamente o que o outro diz, pensa, quer ou faz, desde que não deixe tb de nos respeitar e não interfira com a nossa própria liberdade.